É o que propõe a campanha
realizada pelo Coletivo A Coisa Tá Ficando Preta em parceria com a Casa do
Boneco de Itacaré, que questiona o poder simbólico capitalista incutido no
Natal, quando os interesses meramente econômicos se sobrepõem às reais
necessidades da população, principalmente os grupos marginalizados.
O Coletivo atua há mais de
um ano no Sul da Bahia promovendo discussão e disseminação de assuntos como
religiosidade, estética, relações de gênero e afirmação identitária, utilizando
as linguagens publicitária e audiovisual com uma perspectiva
didático-pedagógica para abordar as questões relacionadas à identidade negra e
afro-brasileira.

Por que tem que ser branco?
Por que usar essa roupa? Por que esses valores que nada dialogam com nossa
realidade? E as nossas tradições negras, onde ficam? Por esses e outros
questionamentos a figura central da campanha é um griô, homem preto de longos
cabelos dreads, usando sabadouro branco, batas africanas, tocando tambor e
compartilhando dos ensinamentos. Muito diferente do que estamos acostumados a
presenciar nas campanhas natalinas, onde a imagem de pessoas negras é raramente
apresentada, e quando posta é seguindo um padrão eurocêntrico de beleza e
comportamento.
Para nós dos movimentos
negros e sociais, dizer que Natal de preto é em novembro significa rememorar e
manter viva a imagem de líderes como Zumbi, que lutaram pela libertação do povo
negro no Brasil e encorajar os atuais guerreiros e guerreiras através desses
referenciais.
A segunda parte da campanha é lançada na semana em que se comemora o Natal oficial segundo algumas religiões cristãs, período também em que se intensifica a corrida comercial capitalista em busca de grande número de vendas, ressignificando os valores natalinos com único objetivo: o lucro. Assim, a discussão segue na mesma linha de abordagem, dando continuidade à campanha.
Para saber mais sobre o
Coletivo e conhecer também outras campanhas realizadas em 2014 é só acessar a
fan page aqui.



Conheci papai noel e fiquei surpreso
Barbona branca, cabelo crespo, pele escura
Ouvindo dingou béu estilo rap, que loucura
Era ele mesmo, gordinho e sorridente
Rodeado de erês e distribuindo presente
O velhinho era real falou do tempo de moleque
Adorava roupa vermelha e curtia baile black
Ao saber que eu cantava na banda simples rap'ortagem
Começou a me falar um monte de viagem:
-se disser que trenó é uma farsa, te incomoda?
Como percebe passo a vida numa cadeira de rodas
Porque tu acha que não atendo todas as crianças?
Mas saiba que sou casado e uso aliança
Eu mesmo não tem filho adivinha porque?
Advinha porque sou militante do glbtt?
Na verdade, eu que fui adotado pela criançada
Mas diferente do que pensam minha condição é limitada
Com preconceito e outros tantos desafios a superar
Eu tô de saco cheio de armas pra lutar
Pra finalizar ele disse que não faz sinal da cruz
E me deu de presente o filme "olhos azuis"
Perguntei porque sua real identidade não se discute
Me respondeu: - o que sou não é vitrine pra orkut
Dingou béu, dingou béu
Sou black noel
Que legal, que legal
Noel black paw''
Música: Papai Noel da diversidade (2008)
Artista: Simples Rap'ortagem