27/11/2013

Lagoa Santa: um pólo de cultura popular e audiovisual comunitário


A comunidade de Lagoa Santa, em Ituberá (BA), recebeu e acolheu afetuosamente o projeto Quilombo In Cena e sua caravana, entre os dias 29 de outubro e 3 de novembro, na sede da associação da comunidade. 



A movimentação foi grande. Entre as organizações e comunidades participantes, estavam: uma comunidade quilombola de Itacaré (Serra de Água), três comunidades quilombolas de Ituberá (Ingazeira, Campo do Amanso e Lagoa Santa), todas as três comunidades que compõe o território de Lagoa Santa (Matinha, Riachão e São João) e diferentes coletivos como Nordeste Livre, Casa do Boneco de Itacaré, Teia de Agroecologia dos povos da Cabruca e da Mata Atlântica, Rede Mocambos (Bahia, Pará e Pernambuco), Coletivo Alumiar/ Projeto Pirilampo, Brigada de Audiovisual dos Povos e cineclubes baianos.

O encontro entre a comunidade e essas lideranças e coletivos tinha como objetivo realizar duas ações. A Mostra Audiovisual Quilombo In Cena ocorria todas as noites, apresentando filmes do cinema negro nacional. Ao todo, foram quatro curta-metragens, e 3 longa-metragens. Entre eles, “Terra deu, Terra come” e “Quilombos da Bahia”, filmados em comunidades quilombolas. A exibição desse último, realizado há dez anos, contou com a presença do diretor, Antônio Olavo, que debateu o filme e falou sobre a experiência de produzi-lo.



As sessões estavam sempre lotadas, com espectadores que vinham das mais diversas formas, movimentando as estradas do quilombo para ter acesso ao cinema. A partir dessa experiência, Gilmara Conceição avaliou que “o cinema é uma nova forma de reunir a comunidade. O quilombola passa a ter uma referência de outro tipo de evento, e isso é muito importante. A gente nunca teve isso aqui com essa qualidade.”

Cada sessão teve um público médio de cerca de 200 pessoas. A mostra foi encerrada com as apresentações do terno de reis e do samba da comunidade da Matinha, além do samba de roda da comunidade da Ingazeira. Nessa noite, também ocorreu uma homenagem a Luiz Marcos, criança que compôs o material gráfico do projeto.



Paralelo à mostra audiovisual, ocorreu o Fórum Baiano de Cinema Comunitário, que com três debates relacionados à comunicação, à produção audiovisual, ao movimento cineclubista e à cultura popular. Foram convidados para conversar: Mãe Beth de Oxum(Coco de Umbigada e Rede Mocambos-PE), os cineastas Antônio Olavo (BA), Adyr Assunção (MG) e Pedro Rajão (RJ), o jornalista Ronaldo Eli (Coco de Umbigada e Rede Mocambos-PE), os cineclubistas Gleciara Ramos e Jorge Conceição (BA) e as lideranças populares Joelson Santos (MST-BA), a produtora cultural Tininha Llanos (Minc-BA), Jorge Rasta (Casa do Boneco de Itacaré e Rede Mocambos-BA) e Don Perna (Casa Preta e Rede Mocambos-PA).

João Rafael faz parte do cineclube Viola de Bolso, em Eunápolis (BA). Após participar dos debates, ele disse: “foi importante estar junto com os produtores e trocar com muitas pessoas de diferentes grupos. Percebo o cineclubismo com grande potencial de mobilização e espaço político. O central desse evento foi refletir sobre quem conta nossa história e como ela é contada.”




Como resultado dos debates, foi formulado um plano de ação para a continuidade e o aprofundamento das ações em Lagoa Santa, visando ao seu fortalecimento enquanto pólo de cinema comunitário e manifestações culturais populares. Entre as propostas, está a construção de um filme a partir dos processos de formação em audiovisual a serem realizados na comunidade, a implementação d euma rádio livre e a realização de um festival cultural na comunidade. Jorge Rasta destacou como positiva a participação local nos debates. “O fórum contou com a presença da comunidade na discussão sobre as fragilidades existentes na manutenção de suas manifestações culturais tradicionais, como as dificuldades para acessar os recursos distribuídos através de editais e para atrair os mais jovens”, relata Jorge.




Além do plano, foi elaborada uma carta, que dialoga com as questões colocadas pelos coletivos presentes, abordando uma visão mais ampla e politizada sobre os debates, e firmando posições sobre questões relativas aos setores audiovisual, da cultura popular e da cultura negra (http://casadoboneco.blogspot.com.br/2013/11/manifestoquilombo-lagoa-santa-entreos.html). Ainda no último dia, foram realizadas oficinas, como a de montagem do cineclube, estética afro, dança afro e elaboração de projetos.


 

O Quilombo In Cena 2013 foi uma continuidade do projeto Cine Quilombola, e aponta para novos desdobramentos, como o maior envolvimento dos movimentos cineclubista e de comunicação livre com as comunidades negras tradicionais. O encantamento da comunidade ao se ver no cartaz e na tela, foi evidente e emocionante, e mostra a importância de viabilizar o acesso às obras do cinema negro e aos meios para sua produção. “O cinema com esse conteúdo negro retrata o dia a dia da população negra. Eles acham graça, se emocionam, percebem e dão importância a coisas que antes não davam, mas que o cinema traz num patamar de valor, de beleza, de importância.” diz Andreza Bonfim, produtora do projeto Pirilampo, de Ilhéus (BA).

05/11/2013

Manifesto Quilombo Lagoa Santa



Entre os dias 29 de outubro e 03 de novembro de 2013, reunimos no Quilombo Lagoa Santa, município de Ituberá, durante A Mostra Quilombo Incena e Fórum Baiano de Cinema Comunitário, o movimento cineclubista baiano, 3 núcleos do norte nordeste da Rede Mocambos (Estados Bahia, Pernambuco e Pará), Coletivo Nordeste Livre, Alumiar, Brigada de Áudio Visual dos Povos, Teia de Agroecologia e comunidades quilombolas baianas. Neste quilombo, ao vivenciar a cultura e a espiritualidade negra junto à linguagem estética do cinema numa perspectiva comunitária, queremos manifestar nosso protesto ao latifúndio do ar configurado pelo exercício da perversidade, pelo monopólio da verdade e dos recursos, geradores de invisibilidade e esquecimento.

Não queremos o crescimento pelo desenvolvimento e sim o crescimento pelo envolvimento, já que o primeiro gera um desenvolvimento cultural de baixo conteúdo, sem potencia criativa e condições de sustentabilidade, e o segundo promove o envolvimento profundo com a bioenergia, a ancestralidade e o poder de nossa cultura promovedora de educação, humanização e dignidade.

Nosso modo de vida negro, não separa militância de festa, por que na cosmovisão africana esses e outros elementos são uma coisa só, mas o nosso sistema de comunicação não toca nossa música, não exibe nossa história nos filmes, não gera referencia positiva para nossas crianças e jovens, pelo contrário, através do audiovisual e do rádio dominantes, reproduz o latifúndio e valores racistas, não reconhecendo a cultura como riqueza , inferiorizando-a como um não saber para eliminá-la. Os meios de comunicação convencionais promovem um desserviço às nossas festas, nossos brinquedos, aos mestres e mestras populares, nossa matriz africana.

As tecnologias da comunicação e a linguagem do audiovisual devem ser popularizadas nas nossas comunidades para estar a serviço da atualização dos brinquedos culturais e seus saberes ancestrais colaborando com o avanço das pedagogias que influenciam na mudança da educação formal e informal.

Só o povo pode resolver o problema do povo. As experiencias de comunicação comunitária de audiovisual e rádio são os nossos melhores caminhos para combater a dominação perversa de nossos meios de comunicação e iremos nos fortalecer por esse meio, seja tomando de assalto os nossos direitos e as rédeas de nossa comunicação, seja enfrentando a polícia que criminaliza nossa vida, nosso tambor, nossa comunicação.

Atacamos assim, esse latifúndio em defesa da reforma do ar, para defender a popularização do acesso bens e serviços culturais,  recursos financeiros, assistência técnica, condições de itinerância para que nossas experiencias de comunicação comunitária sejam fortalecidas e replicadas prioritariamente em periferias, quilombos, terreiros, aldeias  e outras comunidades tradicionais diversas

Nossos filmes brasileiros precisam superar os “abortos de comunicação” frequentes em nossa cultura quando um filme é financiado com recurso público e não chega a ser visto pelo povo, numa lógica que não pode mais ser limitada ao mercado, mas ao potencial educativo, criativo e artístico que pode promover mudanças dos valores sociais. Não acreditamos no cinema comercial  que está posto para distribuir o cinema brasileiro, os filmes brasileiros precisam ter outra lógica e dialogar com o seu povo.

Mais do que isso queremos fazer nossos filmes numa perspectiva comunitária, formando editores nas comunidades, preservando nossa memória negra, um cinema do povo para o povo.
Defendemos que a Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura, bem como seu Conselho Consultivo, As Secretarias estaduais de Cultura e Comunicação, Institutos de Rádio Difusão,  Colegiados e Setoriais de Audiovisual, superem o papel tão ínfimo no atendimento da comunicação comunitária, cumprindo seu dever diante das demandas das comunidades.

Nós comunidades negras, quilombolas, indígenas, assentados, cineclubistas, povos de terreiros, ativistas culturais e sociais aqui reunidas, romperemos com a perspectiva de público passivo, para nos tornamos sujeitos de direitos ativos na descolonização do olhar para a leitura das imagens de mundo.

Quilombo Lagoa Santa, 03 de novembro de 2013


19/10/2013

QUILOMBO IN CENA: PROGRAMAÇÃO COMPLETA!



FÓRUM BAIANO DE CINEMA COMUNITÁRIO
Programação


O Fórum Baiano de Cinema Comunitário reunirá representantes de experiências de cineclubes e de cinema comunitário (prioritariamente experiências rurais e periféricas). O Fórum acontecerá durante turnos opostos à Mostra “Quilombo In cena”, em formato de acampamento, no Quilombo Lagoa Santa, em Ituberá (BA).


Dia 29

(20h)- Abertura

Dia 30

(14 às 18h) - Debate " Comunicação comunitária livre e articulada, acesso e distribuição: como resolver do nosso jeito?"
Colaboradores: Mãe Beth de Oxum (PE), Ronaldo Eli (BA/PE), Thaís Brito (BA), Don Perna (PA)

Relato de experiência: Mapeamento do Quilombo Incena (partilha do uso da ferramenta do mapa para o movimento)- Thaís Brito
Relato de experiência: Cinema e rádio no Ponto de Cultura Coco de Umbigada - Mãe Beth de Oxum e Ronaldo Eli
Dia 31

(14 às 18h) - Debate "Movimento cineclubista e o latifúndio do cinema no Brasil"
Colaboradores: Gleiciara Ramos (BA), Mestre Jorge Conceição (BA), Adyr Assumpção (BH)
Dia 01

(14 às 18h) - Debate: Cinema Negro e comunidades rurais e quilombolas - poder, identidade e educação
Colaboradores: Antonio Olavo (BA), Mestre Jorge Rasta (BA), Tininha Llanos (BA)

Relato de experiência: A produção do filme Anikulapo - Pedro Rajão (RJ)- Exibição de alguns trechos e
as conexões com as história das comunidades
Dia 02

(14 às 18h) - Divisão de sub grupos e plenária final- articulação de propostas, elaboração de carta do fórum
Dia 03

(9 às 12h) - Atividades autogestionadas e oficinas
Oficina edital CULTURA 2014 – com orientação para inscrição de projetos e Oficina de elaboração de projetos de audiovisual – Tininha Llamos – Ministério da Cultura
Oficina de Dança afro e estética afro – Casa do Boneco de Itacaré
Encerramento (13h)



MOSTRA AUDIOVISUAL QUILOMBO INCENA
Programação


Dia 29

(20h) - Abertura
Mostra de curtas:

Tudo é Ritmo (Thomas Roebers e Floris Leeuwenbergm, Documentário, 10', 2010)
Pode me chamar de Nadí (Déo Cardoso, Ficção, 17', 2009)
Malunguinho (Felipe Peres Calheiros, Documentário, 15', 2013)
Voz Livre – O que é ser quilombola hoje? (Política do Impossível – Rede Mocambos, Documentário, 17',2010)

Dia 30

(19h) – Sessão Baobá de Cinema: Raça (Joel Zito Araújo, Documentário,104',2013)
Dia 31

(19h) - Jardim das Folhas Sagradas (Pola Ribeiro, Drama, 90', 2011)
Dia 01

(19h) - Quilombos da Bahia (Antônio Olavo, Documentário, 98', 2004)
Dia 02

(19h) – Terra deu, terra come (Rodrigo Siqueira, Documentário, 88', 2010)


Curadoria: Casa do Boneco de Itacaré


18/10/2013

Quilombo Incena ocupa o Quilombo de Lagoa Santa com filmes e debates

Entre os dias 29 de outubro e 03 de novembro, o Quilombo Lagoa Santa, em Ituberá (BA) será o foco principal do movimento cineclubista e do cinema comunitário baiano. Neste período, serão realizados na localidade a Mostra Quilombo Incena e o Fórum Baiano de Cinema Comunitário, com a participação de cineastas, lideranças comunitárias, coletivos, estudiosos e a comunidade local.
O Fórum tem uma programação de discussões organizada a partir dos eixos: Produção - caminhos e possibilidades para desenvolvimento e difusão do cinema negro em comunidades; e Distribuição e acesso – desafios e perspectivas do acesso de comunidades rurais ao cinema brasileiro e ao cinema negro.
No turno oposto às atividades do Fórum será realizada a Mostra Audiovisual Quilombo In Cena, com a exibição de filmes documentários, curtas e longa metragens focados em conteúdos étnicos raciais. Cada filme será debatido com a participação de mestres e mestras da cultura popular e lideranças comunitárias e quilombolas de todo o país.
Os dois eventos se complementam e fazem parte do projeto Quilombo Incena, que tem como principal objetivo a ampliação do acesso ao cinema por comunidades rurais, em especial as comunidades quilombolas. De acordo com Say Adinkra, que coordena o projeto, “o fortalecimento da rede de cineclubes e outras experiências de cinema comunitário em comunidades rurais e periféricas é fundamental para a democratização do acesso. Essas localidades e seus moradores estão excluídos dos circuitos comerciais de produção e distribuição.”
Ela destaca ainda a importância de propiciar o acesso a conteúdos em comunidades rurais e quilombolas: “o quilombo é um território cultural legítimo, e os bens e serviços culturais precisam chegar até . Os quilombolas não deveriam ter que sair de seu quilombo pra ter esse tão importante acesso. Por isso, vamos subir com o cinema e montar o evento lá, independente das dificuldades de estrutura.”

Mobilização

As movimentações e preparativos para a realização dos eventos em Ituberá foram iniciados há meses, com o Mapeamento de Cineclubes da Bahia. O projeto disponibilizou uma ferramenta de mapeamento na internet, onde os cineclubes podem se cadastrar e se inserir num mapa, com dados para contato, e informações sobre suas experiências, descobertas e dificuldades. O processo contou com as parcerias do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC) e da União de Cineclubes da Bahia (UCCBA). Ao todo, 62 cineclubes de todas as regiões do Estado se inseriram no mapeamento. A ferramenta permanece disponível, no endereço http://quilomboincena.tk.
Todos os coletivos que participaram dessa fase estão sendo convidados para o evento, que tem vagas limitadas. As participações serão definidas por ordem de entrega das fichas de inscrição, até o limite de 27 coletivos participantes, custeados pelo evento. O projeto oferece apoio financeiro para o transporte terrestre, além de estrutura de camping e alimentação coletiva..
O projeto, financiado pelo Fundo de Cultura da Bahia e realizado pelo coletivo da Casa do Boneco de Itacaré e pela comunidade do Quilombo Lagoa Santa, também distribuirá um kit e um catálogo de filmes com recorte étnico-racial, propondo o enfrentamento da visão fragmentada, inferiorizada e invisibilizada do negro em relação à sua história e identidade afro brasileira e africana.


SERVIÇO

O QUÊ? Mostra Audiovisual Quilombo Incena e Fórum Baiano de Cinema Comunitário
QUANDO? De 29 de outubro a 03 de novembro
ONDE? Quilombo Lagoa Santa – Ituberá (BA)
QUEM VAI? Comunidade local, cineastas, estudiosos e coletivos cineclubistas e/ou de cinema comunitário, poder público
QUEM REALIZA? Casa do Boneco de Itacaré, Rede Mocambos, Coletivo Nordeste Livre, Comunidade do Quilombo Lagoa Santa
QUEM FINANCIA? Fundo de Cultura da Bahia
QUEM APOIA? União de Cineclubes da Bahia, Associação Baiana de Cinema e Vídeo/ Associação Brasileira de Documentaristas, Cinemateca da Embaixada da França


CONTATOS
Ronaldo Eli/Dani Negra Jeje (Imprensa) – 73 9199 6986
Say Adinkra (Coordenação) – 73 8141 5528

06/10/2013

XII Caruru de Ibeji e as Pedagogingas: para celebrar, aprender e partilhar novos modos de vida e beleza!

*Por Anaíra Lôbo, Caio Formiga e Say Adinkra

A Casa do Boneco de Itacaré - Bahia realizou, durante os dias 25 a 29 de setembro, o XII Caruru de Ibeji e as Pedagogingas. Evento maior da entidade, que acontece todos os anos, é um momento de celebração para as crianças e tem como foco a ancestralidade africana a partir da convergência de trocas de saberes entre todas as gerações, provocando outra perspectiva educacional. A Casa então disponibiliza para os visitantes aquilo que ela já é: um território de aprendizados, de axé, de vivência profunda e de convite a pensar caminhos que construam modos de vida com mais dignidade e afirmação identitária.
 
Mestre Elias Bonfim e o encantamento da oficina de bonec

A Casa do Boneco é cada vez mais a nossa Casa e vocês,
cada vez mais a nossa família”
José Balbino, morador de Arembepe, pai de Akim, companheiro de Tininha
A fala de Balbino resume o sentido maior do que significa o Caruru de Ibeji e as Pedagogingas: o sentimento de família, mas não o convencional e sim o que é aliado à cosmovisão africana: a família extensiva, os laços de solidariedade com o sentido de comunidade com uma disposição especial para cuidar dos modos de celebrar, de organizar a vida e a educação.
Mestre Lua Santana: oficina de capoeira angola
Oficina de canto popular com Mariana Bittencourt

As atividades tiveram nessa edição, uma variedade ainda maior que os anos anteriores: oficina de boneco com Mestre Elias; de percussão com o músico Nei Sacramento; de fotografia e técnicas audiovisuais com a Brigada de Audiovisual dos Povos e a equipe do Tabuleiro Digital; oficina de movimentos de dança africana com Kety Kim; de capoeira angola com Mestre Lua; oficina e instalação de rádio com Sergio Melo, José Balbino, Ronaldo Eli (Nordeste Livre); grafite com Ixlutx Ferreira e de canto popular afro-brasileiro com Mariana Bittencour, além de um conjunto de vivências com contação de histórias, teatro, arte circense, e brincadeiras livres com os mais pequeninos da festa!

Tambozada em abertura do evento

Palhaços Bolota e Tiururico fazendo a animação da garotada
Esse evento consegue trazer muita legitimidade a esse espaço... o espaço aqui é pedagógico, mesmo quando não está ocorrendo uma programação, tudo transpira a esse modo familiar de cuidar, de integrar, de respirar, o foco é mesmo a convivência familiar, vir para esse evento, é como ir para casa de um amigo e ficar lá... por isso muita gente deve voltar … A palavra não dá conta, é muito emocional, visceral” 
Mayne Santos, moradora de Serra Grande, Articuladora da Teia de Agroecologia.

Durante os 5 dias desse evento singular, os tambores revisitavam o nosso sentido maior, assim como os ibejis cuja morte foi enganada quando estes tocavam seus tambores mágicos sem parar... A todo tempo se ouvia os tambores, que passavam pelas mãos das crianças até as mãos dos mais velhos, sem diferenciação de espaços, num exercício natural de compartilhamento e fluidez de sentidos, práticas, trocas.

O evento foi acompanhado e transmitido ao vivo para toda cidade pela rádio Amnesia, uma rádio livre, “que esqueceu de seu dinheiro mas não esqueceu de você”, fruto da experiência do Coletivo Nordeste Livre, produziu importante cobertura com música negra, entrevistas e bate-papos, além de partilhar as técnicas de instalação e execução de rádio com os participantes do evento.

 Aconteceu ainda, o lançamento do livro "Jogo de Discursos: a disputa por hegemonia na tradição da Capoeira Angola baiana" de Paulo Magalhães, e a noite cultural no sábado com a participação da Banda Sodi, Grupo o Kontra e discotecagem com o comando de Balbino , Akim e Lamartine que embalaram a preparação das comidas do caruru, um grande mutirão que começa no sábado à noite e se conclui próximo ao meio dia do domingo. 

No período da tarde de domingo, roupas brancas e coloridas, tossos, baianas, flores, água de cheiro, fogos, crianças, muitas crianças e os tambores comandam o tradicional cortejo que subiram da banca do peixe até a Casa, onde foi oferecido o Caruru dos Ibeji, momento mais marcante e aguardado do encontro.

A cada ano, o evento reúne mais pessoas, quem já veio, quer retornar, que não veio, quer conhecer. Pode-se afirmar, que o evento está consolidado enquanto agenda nacional que traz o sentido maior das pedagogingas: essa disposição dos modos e dos saberes, do axé e do trabalho, do lazer, do prazer e da comida, do oral e do tecnológico, das mulheres e homens, crianças e jovens, mestres e mestras, do tambor, do baobá, dos orixás....
A Casa tem muita raça pra fazer um evento desse sem apoio nenhum do Estado, o que nos mantém não está no plano do racional... Somos muito gratos aos orixás, eles sobretudo nos sustentam e essa força é alimentada também pelos coletivos e dezenas de famílias que se integram à nossa para “fazer um mundo mais do nosso jeito”
Diretoria da Casa do Boneco
 
Oficina de Stop Motions - Brigada de Audiovisual dos Povos
 
Oficina de Grafitagem com Ixlutx Ferreira
Oficina de Movimentos de danças africanas com Kety Kim
 
 Aminésia sintonizando as Pedagogingas nas ondas do rádio!



 
Lançamento do Livro de Paulo Magalhães: Jogo de Discursos


Noite Cultural em alto estilo no preparo das comidas do caruru
 
Nei Sacramento com sua banda O Kontra em belíssima apresentação do Xirê dos orixás
Banda Sodi garantiu o  reggae na noite cultural

 
Cortejo do Caruru com os Ibejis Uil e Akim
Salve as pretas do caruru!
Celebração do caruru!
Confira mais fotos do Caruru aqui: http://www.flickr.com/photos/103371947@N03/

03/09/2013

Programação e inscrições do XII Caruru e as Pedagogingas

Quarta - Dia 25/ 09

Durante o dia: chegar, acomodar, hospedar, prosear, ajudar na organização do espaço, ver o pôr do sol, dar risada, brincar, tocar tambor...

20h - Noite de abertura e celebração

Local: Casa do Boneco

Quinta - Dia 26/06

 9 às 18h

- Oficina de Tambor 
Oficineiros: Hugo Xoroquê

- Oficina de  Áudio visual
Oficineiros: Brigada de Áudio Visual dos Povos e Tabuleiros Digitais

- Oficina e instalação de rádio (transmitiremos o evento através de rádio livre e rádio web!)
Oficineiros: Sergio Melo, José Balbino, Ronaldo Eli (Nordeste Livre)

 - Discotecagem - José Balbino

- Oficina de Bonecos
Oficineiro: Mestre Elias

20h - Lançamento do Livro: "Jogo de Discursos. A disputa por hegemonia na disputa da Capoeira Angola na Bahia" - Paulo Magalhães


Local: Casa do Boneco


Sexta - Dia 27 /09

10 às 17h

Oficina e roda de Capoeira Angola
Oficineiros: Mestre Lua Santana e Professor Paulo Magalhães

Oficina  de movimento de danças africanas para crianças -  Vozes de Farafina

Local: Quilombo D'Oiti

19 às 21h

- Oficina de  Áudio visual
Oficineiros: Brigada de Audio Visual dos Povos e Tabuleiros Digitais

- Oficina e instalação de rádio
Oficineiros: Sergio Melo, José Balbino, Ronaldo Eli (Nordeste Livre)

 - Discotecagem - José Balbino


Sábado- Dia 28 /09

9 às 12h - Manhã Livre na praia com tambozada e celebração pra Iemanjá


15 às 18h

- Oficina de Berimbaue música primária
Oficineiro: Nei Sacramento

- Oficina de  Áudio visual
Oficineiros: Brigada de Áudio Visual dos Povos e Tabuleiros Digitais

- Oficina e instalação de rádio
Oficineiros: Sergio Melo, José Balbino, Ronaldo Eli (Nordeste Livre)

- “CONTA PARA TODO CANTO” Oficina de canto popular afro brasileiro - Mariana Bittencour

- Oficina de iniciação Teatral - Danielle Anatólio

- Oficina de grafite - Ixlutx Ferreira


21h - Noite Cultural- Banda Sodi, Grupo o Kontra  e Discotecagem - José Balbino


Domingo- Dia 29/09
13h
Celebração do XII Caruru de Ibeji


Inscrições:

Organizem seus coletivos e comunidades e façam suas inscrições pelo email casadobonecodeitacare@gmail.com, enviando as seguintes informações:
 Nome, idade, cidade, contato, grupo,comunidade ou associação/ Informações sobre hospedagem (ver orientação abaixo)

Obs. Preferencialmente todas as inscrições de adultos devem se esforçar em inscrever crianças ou adolescentes (filho, sobrinho, afilhado, primo, vizinho, amigo, qualquer guri ou guria está valendo!)

Hospedagem e alimentação:

- A organização do evento irá garantir alimentação de todo o evento (3 refeições por dia)
- Estamos trabalhando para garantir a hospedagem dos que virão de outras cidades, incentivamos o aviso imediato:
1.  daqueles que puderem bancar sua hospedagem.
2. quem puder trazer barraca (10 vagas de barraca na Casa do Boneco e estamos tentando patrocínio de vagas em camping)
3. quem depender de apoio de hospedagem para vir.

Atenção! todos que forem precisar de apoio de hospedagem do evento, precisa se inscrever e comunicar essa necessidade e aguardar confirmação.

IMPORTANTE!
- O evento não tem até o momento nenhum tipo de patrocínio, assim, aqueles que puderem contribuir com doações em dinheiro, em alimento, em serviços, em hospedagem, apoio de transporte, será muito bem vindo!