Desde
2006 a Casa do Boneco através do seu programa de Sustentabilidade
Comunitária vem discutindo e realizando ações voltadas para a
implantação e desenvolvimento do Turismo Étnico de Base
Comunitária (TEBC), tanto no município de Itacaré quanto a nível
regional e nacional, se articulando em redes de parcerias como a
Turisol, MTUR, Rede Mocambos entre outras organizações que pautam
um modelo de turismo diferenciado do massificado.
Dando
continuidade a esse trabalho, nos dias de 21 à 24 e de 28 à 30 de
janeiro deste ano a Casa do Boneco realizou uma atividade de
capacitação teórico-prática com jovens militantes negr@s de
diferentes segmentos de atuação, afim de retomar o entendimento
acerca do que propõe o TEBC, tendo como aporte a vivência da
instituição e a experiência com a Fazenda Modelo Quilombo D’Oiti,
colocando em prática os aprendizados através do receptivo
turístico.
O turismo de base comunitária se contrapõe ao turismo massificado pois requer uma menor densidade de infraestrutura e serviços e busca valorizar uma vinculação situada nos ambientes naturais e na cultura de cada lugar. Não se trata, apenas, de percorrer rotas exóticas, diferenciadas daquelas do turismo de massa, mas sim de um outro modo de visita e hospitalidade. Esse turismo respeita as heranças culturais e tradições locais, podendo servir de veículo para revigorá-las e mesmo resgatá-las. Sendo realizada com o recorte étnico racial, como é caso da Casa do Boneco, visa a manutenção da história do povo negro em diáspora, sobretudo às comunidades remanescentes de quilombos.
Durante a explanação teórica @s
participantes tiveram possibilidade de entender o conceito e também
discutir as premissas básicas para o turismo de base comunitária,
como a base endógena da iniciativa e desenvolvimento local, a
participação e o protagonismo social no planejamento, a escala
limitada e impactos socioambientais controlados, a geração de
benefícios diretos à população, a afirmação cultural e a
interculturalidade, e o ‘‘encontro’’ como condição
essencial. Na parte prática foi realizado todo trabalho de
pré-produção para os receptivos, a participação nas rodas de
conversas e oficinas, a manutenção do espaço físico, a confecção
e servimento dos alimentos, a exibição de performances artísticas
e a cobertura audiovisual de toda atividade.
Nesse sentido, novas sementes estão sendo
plantadas para a manutenção e constante revitalização das ações
voltadas para o empoderamento do povo negro, tendo o TEBC como um dos
mecanismos para geração de empreendimentos comunitários e
colaborativos que agreguem autonomia e autogestão para os seus
protagonistas, conservando valores e práticas afro centradas,
heranças ancestrais africanas e indígenas.