É o que propõe a campanha
realizada pelo Coletivo A Coisa Tá Ficando Preta em parceria com a Casa do
Boneco de Itacaré, que questiona o poder simbólico capitalista incutido no
Natal, quando os interesses meramente econômicos se sobrepõem às reais
necessidades da população, principalmente os grupos marginalizados.
O Coletivo atua há mais de
um ano no Sul da Bahia promovendo discussão e disseminação de assuntos como
religiosidade, estética, relações de gênero e afirmação identitária, utilizando
as linguagens publicitária e audiovisual com uma perspectiva
didático-pedagógica para abordar as questões relacionadas à identidade negra e
afro-brasileira.
No dia 24 de novembro,
semana da consciência negra, foi lançada a campanha ‘‘Natal de preto é em
novembro e é assim...’’ trazendo a figura do Mestre Jorge Rasta para tratar de
princípios e valores da ancestralidade africana como a oralidade, pertencimento e resistência, além da relação de respeito entre os mais
velhos e os mais novos, com a forte presença afrocentrada do bebê Orunmilá. Como um dos
objetivos centrais do Coletivo, a campanha também desconstrói a imagem do Papai
Noel convencional, o velhinho branco, de barba branca que dá presentes para as
crianças que se ‘‘comportam’’.
Por que tem que ser branco?
Por que usar essa roupa? Por que esses valores que nada dialogam com nossa
realidade? E as nossas tradições negras, onde ficam? Por esses e outros
questionamentos a figura central da campanha é um griô, homem preto de longos
cabelos dreads, usando sabadouro branco, batas africanas, tocando tambor e
compartilhando dos ensinamentos. Muito diferente do que estamos acostumados a
presenciar nas campanhas natalinas, onde a imagem de pessoas negras é raramente
apresentada, e quando posta é seguindo um padrão eurocêntrico de beleza e
comportamento.
Para nós dos movimentos
negros e sociais, dizer que Natal de preto é em novembro significa rememorar e
manter viva a imagem de líderes como Zumbi, que lutaram pela libertação do povo
negro no Brasil e encorajar os atuais guerreiros e guerreiras através desses
referenciais.
A segunda parte da campanha é lançada na semana em que se comemora o Natal oficial segundo algumas religiões cristãs, período também em que se intensifica a corrida comercial capitalista em busca de grande número de vendas, ressignificando os valores natalinos com único objetivo: o lucro. Assim, a discussão segue na mesma linha de abordagem, dando continuidade à campanha.
Para saber mais sobre o
Coletivo e conhecer também outras campanhas realizadas em 2014 é só acessar a
fan page aqui.
''Podem rir mas serei sincero e coeso
Conheci papai noel e fiquei surpreso
Barbona branca, cabelo crespo, pele escura
Ouvindo dingou béu estilo rap, que loucura
Era ele mesmo, gordinho e sorridente
Rodeado de erês e distribuindo presente
O velhinho era real falou do tempo de moleque
Adorava roupa vermelha e curtia baile black
Ao saber que eu cantava na banda simples rap'ortagem
Começou a me falar um monte de viagem:
-se disser que trenó é uma farsa, te incomoda?
Como percebe passo a vida numa cadeira de rodas
Porque tu acha que não atendo todas as crianças?
Mas saiba que sou casado e uso aliança
Eu mesmo não tem filho adivinha porque?
Advinha porque sou militante do glbtt?
Na verdade, eu que fui adotado pela criançada
Mas diferente do que pensam minha condição é limitada
Com preconceito e outros tantos desafios a superar
Eu tô de saco cheio de armas pra lutar
Pra finalizar ele disse que não faz sinal da cruz
E me deu de presente o filme "olhos azuis"
Perguntei porque sua real identidade não se discute
Me respondeu: - o que sou não é vitrine pra orkut
Dingou béu, dingou béu
Sou black noel
Que legal, que legal
Noel black paw''
Conheci papai noel e fiquei surpreso
Barbona branca, cabelo crespo, pele escura
Ouvindo dingou béu estilo rap, que loucura
Era ele mesmo, gordinho e sorridente
Rodeado de erês e distribuindo presente
O velhinho era real falou do tempo de moleque
Adorava roupa vermelha e curtia baile black
Ao saber que eu cantava na banda simples rap'ortagem
Começou a me falar um monte de viagem:
-se disser que trenó é uma farsa, te incomoda?
Como percebe passo a vida numa cadeira de rodas
Porque tu acha que não atendo todas as crianças?
Mas saiba que sou casado e uso aliança
Eu mesmo não tem filho adivinha porque?
Advinha porque sou militante do glbtt?
Na verdade, eu que fui adotado pela criançada
Mas diferente do que pensam minha condição é limitada
Com preconceito e outros tantos desafios a superar
Eu tô de saco cheio de armas pra lutar
Pra finalizar ele disse que não faz sinal da cruz
E me deu de presente o filme "olhos azuis"
Perguntei porque sua real identidade não se discute
Me respondeu: - o que sou não é vitrine pra orkut
Dingou béu, dingou béu
Sou black noel
Que legal, que legal
Noel black paw''
Música: Papai Noel da diversidade (2008)
Artista: Simples Rap'ortagem
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