25/09/2021

Fazenda Modelo Quilombo D'Oiti

 

 O que é a Fazenda Modelo?

A Fazenda Modelo Quilombo D´Oiti tem como visão se tornar um centro de desenvolvimento afro comunitário baseado na aprendizagem auto-sustentável, considerando, prioritariamente os seguintes princípios:

Etno racial

Trabalho de reapropriação da identidade afro-descendente, para elevar o valor e a beleza da cultura negra, e, sobretudo, para a contestação, a reparação e a afirmação da posição dos negros e negras na sociedade atual, em decorrência dos estragos históricos que lhe foram feitos.

Ecológico

Princípio que acompanha a busca etno racial, pois o povo africano é ecologista e a sua forma de vida ancestral está toda relacionada aos elementos da natureza . A proposta da fazenda é alicerçada em princípios da permacultura e da agroecologia no esforço de estar ecologicamente correta, harmonizando todas as ações, onde a conservação e o saber da natureza tem que acompanhar os outros saberes.

Sócio econômico

Proposta de organização e produção coletiva, de “inclusão” e reintegração social, que promova o desenvolvimento local e fortaleça as relações entre as pessoas, a partir de valores de organização coletiva herdados das sociedades indígenas, africanas e quilombolas. Tem na Economia solidária uma referência pois além da vivência associativista, almeja a implementação do cooperativismo nos próximos meses.

Cultural

Símbolos e significados de um modo de vida peculiar das comunidades negras descendentes no Brasil de africanos escravizados.

Espiritual

A vivência do Candomblé enquanto religião de matriz africana que além de ser fonte de sabedoria, fortalece as energia espirituais, a identidade ancestral garantindo a sustentabilidade espiritual de todas as ações.

O entendimento da proposta da Fazenda Modelo Quilombo D’Oiti, perpassa a visualização dos seguintes eixos centrais:

1) Implementação de Vila Comunitária

2) Educação

3) Serviços de Turismo Étnico de Base Comunitária

4) Auto Sustentabilidade Econômica


 Nossa abordagem em TEBC

O Turismo Étnico de Base Comunitária (TEBC) não significa apenas inserir a comunidade, muito menos se restringe a um novo setor de mercado. É um fenômeno social complexo pois visa resignificar códigos e símbolos a partir da compreensão da realidade local e da identidade negra. Os protagonistas desse destino são sujeitos e não objetos do processo. Promove a qualidade de vida, o sentido de inclusão, a valorização da cultura local e o sentimento de pertencimento.
Em relação aos aspectos étnicos, trata-se de fenômenos sociais que refletem as tendências positivas de identificação e inclusão de certos indivíduos num grupo étnico. A distintividade dessa identidade, para caracterizar um grupo étnico, deve se remeter a noções de origem, história, cultura e, até, raça comuns.


TEBC implica não apenas a interpretação simplista e estereotipada de um grupo social étnico desfavorecido que recebe outsiders curiosos e ávidos pelo exotismo em seu convívio cotidiano, para o aumento de sua renda e melhoria social, mas antes de tudo, significa encontro e oportunidade de experiência compartilhada. Para Jovchelovithc (1998) é no encontro que saberes sociais se produzem e são renovados laços de diferença e solidariedade, que envolvem o sentido de comunidade e pertencimento.

Esse turismo tem como premissas básicas:

a) Base Endógena da Iniciativa – desenvolvimento local de dentro para fora – o turismo surge de uma demanda social a partir de uma proposta que emerge da comunidade afro descendente organizada , propondo uma atuação que visa o desenvolvimento local.

b) Participação e protagonismo social no planejamento, atuação e implementação de projetos turísticos

c) Escala Limitada e impactos sociais e ambientais controlados.Primeiro plano passa a ser a sustentabilidade social e ambiental e não a exploração econômica.

d) Geração de benefícios diretos à população local – tem que assegurar dispositivos e mecanismos para que os recursos sejam reaplicados em projetos de melhoria de qualidade de vida a partir das demandas locais e para o coletivo.

e) Formação cultural / Inter culturalidade - Não apenas qualifica o produto / dialoga com outras culturas

f) O encontro como condição primordial - Encontro entre individualidades – compartilhar e aprender mutuamente. Entre “o que recebe” e “o que é recebido” para a troca de valores reais e destes com o ambiente em que interagem. Experiência integral do turista. Pertencimento, afirmação das identidades.

14/09/2021

Land, water and communication - Quilombo D'Oiti: One Possibility in days of destruction.




 From October 13th to 17th, 2021 the Association of Afro Development Casa do Boneco de Itacaré
performs the XX Caruru de Ibeji and the Pedagogingas in a hybrid format (in person and online).
The Theme: ‘‘ Land, water and communication - Quilombo D'Oiti: One Possibility in days of
destruction."

the organization calls the black community to self-organize around a autonomous
political project of the Quilombo Together(Aquilombamento), in face of the racial war scenario
imposed for centuries into the lives of native people, Africans and their descendants in Brazil.
Casa do Boneco de Itacaré (CBI) is a community organization focused for the Afro development,
which for more than 30 years has been developing programs in training and skills building
programs, professional development, cultural production and dissemination, entrepreneurship and
sustainability, communication and technological appropriation, through articulated projects and
continuous life experience.

The Fazenda ModeloQuilombo D’Oiti is an autonomous territory self-managed by the CBI as a
training and application of a community-based Ethnic Tourism model, located on the Ancestral
territory of the Quilombo do Oitizeiro, where traditional knowledge and practices are articulated
based on the African Cosmovision. The Caruru de Ibeji and the Pedagogingas is a traditional
celebration-meeting held by the CBI for 20 years from the process of mobilizing partner
organizations in Brazil around of educational practices called 'pedagogingas', what means the
elaboration of a specific method of transmission and exchange of knowledge through workshops,
circles of conversation and exchange experiences of the daily life. The Caruru is a religious
celebration of African origin in celebration of the Ibejis, deities that represent children, happiness
and the continuity of life, with the offering a great feast.

In October 2021, the 20th edition of the meeting will be held, which calls for the entire Afro-
descendant community, native peoples and supporters of the racial struggle in Brazil against white
supremacy, for the discussion around the main items of domination on the planet 'land, water and
communication', presenting the “Aquilombamento” as a 'possibility in the days of destruction''.
Given the current scenario of war against traditional people and communities in the country, the call
is to build autonomous perspectives of survival from the collective use of land with an authentic
political project. Due to the ongoing Covid-19 pandemic, the agenda that usually brings together
hundreds of people at the institution's headquarters, it will still occur in a hybrid format, offering
online and on site activities. To learn more about the schedule, how to contribute and how to
participate in this meeting, follow the official communication channels of the Casa do Boneco and
stay connected.

SERVICE

What: XX Caruru de Ibeji e as Pedagogingas
Theme: Land, water and communication - Quilombo D’Oiti: A possibility in the days of
destruction.
When: from October 13th to 17th, 2021
Where: Fazenda Modelo Quilombo D’Oiti (Itacaré/BA)
How: in person and online
Contacts: +55 73 98118-5280

11/09/2021

INSCRIÇÕES ABERTAS - XX Caruru de Ibeji e as Pedagogingas

 



O XX Caruru de Ibeji e as Pedagogingas será realizado de 13 a 17 de outubro de 2021, na Fazenda Modelo Quilombo D'oiti. Para garantir a participação é necessário o preenchimento do formulário de inscrição, bem como o pagamento da inscrição nas opções indicadas.

Em caso de dúvidas, entre em contato com a comissão organizadora através do e-mail caruru.pedagogingas@gmail.com, com o assunto ''Inscrição Caruru'' ou pelo fone/whatsapp 73 988791015 (Dani Jêje) ou 73 98118-5280 (Mestre Jorge Rasta).

A Casa do Boneco dispõe apenas da área de camping para hospedagem na fazenda, caso deseje ficar hospedadx na cidade temos indicações de estabelecimentos parceiros. Todxs devem trazer o seu kit sobrevivência ( repelente, trajes para banho de rio, prato, copo, talheres, lanternas, máscaras e etc.).

Pra quem vem de Salvador e região metropolitana temos a opção de ônibus com TV, voz e violão, microfone, wifi, banheiro, ar condicionado, manta, USB em todas as poltronas, água mineral vindo pela BR101. Com paradas na rodoviária de Santo Amaro, Cruz das Almas e Santo Antonio de Jesus.

Saída: 14/10 a noite
Retorno: 17/10 a noite

Reservas: (73)9 8879-1015 / 8118-5280

R$120,00 por pessoa ( Pgto até 08/10/2021 )

INSTAGRAM: @casadoboneco.itacare
VAKINHA ONLINE: http://vaka.me/2359607

07/09/2021

CONTRIBUA COM A CASA DO BONECO DE ITACARÉ PARA REALIZAÇÃO DO XX CARURU DE IBEJI E AS PEDAGOGINGAS

 




A Casa do Boneco de Itacaré (CBI) é uma organização comunitária voltada para o afro desenvolvimento, que há mais de 30 anos desenvolve  programas de formação e capacitação profissional, produção e difusão cultural, empreendedorismo e sustentabilidade, comunicação e apropriação tecnológica, através de projetos articulados e vivência contínua. A Fazenda Modelo Quilombo D’Oiti é um território autônomo autogestionado pela CBI como um centro de formação e aplicação de um modelo de Turismo Étnico de Base Comunitária, localizado no solo ancestral do Quilombo do Oitizeiro, onde articulam-se saberes e fazeres tradicionais a partir da cosmovisão africana. 

O Caruru de Ibeji e as Pedagogingas é um encontro-celebração tradicional realizado pela CBI há 20 anos, a partir do processo de mobilização de organizações parceiras de todo Brasil em torno de práticas educativas chamadas de ‘‘pedagogingas’’, elaboração de um método próprio de transmissão e troca de conhecimento através de oficinas, rodas de conversa e vivências cotidianas. O caruru é uma celebração religiosa de matriz africana em celebração aos Ibeji, divindades que representam as crianças, a felicidade e a continuidade da vida, com o oferecimento de um grande banquete.

Em 2021, em razão da pandemia do Covid-19, o evento será realizado de 13 a 17 de outubro de forma remota, agregando tanto atividades presenciais quanto online. O chamado desse ano é para discussão em torno dos principais itens de dominação do planeta, ‘‘terra, água e comunicação’’ propondo perspectivas de vida a partir da construção prática de aquilombamento como ‘‘possibilidade nos dias da destruição’’, diante do cenário de guerra que os povos preto e originários enfrentam no território brasileiro. 

Sua contribuição vai ajudar a garantir a execução do encontro de forma autônoma, custeando toda estrutura humana e material necessária para sua realização. 

 Você pode contribuir em nossa VAKINHA ONLINE ou fazer um PIX: daninegajeje@gmail.com

CONTAMOS COM SUA COLABORAÇÃO!

Inscrições AQUI

UBUNTU!

Contato: (73)9 8879-1015 / 8118-5280








CBI realiza Canjerê Cultural no Quilombo D'Oiti






No dia 05 de setembro de 2021, a CBI realizou mais uma edição do Canjerê Cultural, evento em prol do XX Caruru de Ibeji e as Pedagogingas.

As atividades aconteceram na Fazenda Modelo Quilombo D'Oiti e recebeu uma edição especial do Projeto Culinária Musical do Afrochefe Jorge Washington, que nos presentou com uma deliciosa maxixada. A organização proporcional aos participantes uma diversidade de atividades, tais como aula de Kemetic Yoga conduzida pela instrutora Ana Luzia, Canoa Polinésia com a equipe Itacaré Soul Sup  coordenada por Thiago Dias, Defesa Pessoal com o instrutor Cleyton Ferreira e atrações musicais Bell Castro, Roger Ferreira, Comando7tres, Lori Mafoany e Negus Jorge.




Agradecemos o apoio/parceria da Kasa de Maat, Casa Preta, Organização Gongombira, Pousada Cristal e em especial à nossa equipe organizadora: Mestre Jorge Rasta, Preta Ashanti, Hugo Xoroquê, Dani Jêje, Juscely Magalhães, Lori Mafoany, Cumpade, Nana Queiroz, Paloma Nala, Dona Edna, Negus Jorge, Ana Luzia e nossos Erês: Orunmilá, Aiyê Bomani, Anayá, Ludmila, Cecília e Vitória.


Confiram mais fotos em nossa página no facebook:  https://www.facebook.com/141721372655808/posts/1890924357735492/ 



Ubuntu!




































06/09/2021

MANIFESTO - XX CARURU DE IBEJI E AS PEDAGOGINGAS




 Há 521 anos os povos originários, africanos e seus descendentes são vitimados nesse território em prol do empreendimento colonial de construção da nação brasileira. Controlando terra, água, comunicação e todos os recursos proveniente delas, a supremacia branca vem atualizando suas formas de dominação ao longo da história, nos trazendo ao atual cenário guerra em que nos encontramos. Nesse contexto, assim como no período colonial, o aquilombamento se apresenta como uma estratégia fundamental de sobrevivência das nossas comunidades racialmente apartadas. 

Estamos falando de um contexto de guerra híbrida, de guerra racial de alta intensidade,  de avanço do neoliberalismo e aprofundamento das desigualdades, somado aos agravos da crise sanitária causada pela ingerência da pandemia de Covid-19 e seus números desastrosos. Vivemos atualmente no Brasil um cenário de insegurança alimentar, alto índice de desemprego e informalidade, alta inflação no preço de itens básicos, crise hídrica e elétrica, agronegócio, além do acirramento da perseguição contra comunidades e povos tradicionais, às custas da implementação de um modo de vida que visa explorar de forma predatória os recursos naturais e nos manter como escravos. 


Do nosso lado da história, nós povo preto, descendentes da diáspora afrikana forçada para o Brasil, desde o princípio resistimos e criamos estratégias de sobrevivência e permanência do nosso modo de vida nesse território, não aceitamos passivamente a condição de dominados apesar de reconhecer que nessa guerra, estamos na posição de vítima. Entre tantas formas de insurreições, os quilombos são a nossa maior expressão de auto organização comunitária de uso coletivo da terra, como um projeto comum de manutenção da vida com condução própria, dentro de valores próprios, como elaborou a quilombola e intelectual Beatriz Nascimento, o quilombo é uma ‘‘possibilidade nos dias da destruição’’;


É essa experiência histórica que nos trouxe até aqui e que nos propomos a ser continuidade, e é movido por esse espírito de construção coletiva de um modo de vida que realmente contemple a nossa existência que convocamos toda a nossa comunidade para mais uma vez nos aquilombarmos em torno do XX Caruru de Ibeji e as Pedagogingas para discutirmos o tema ‘‘Terra, água e comunicação - Quilombo D’Oiti: uma possibilidade nos dias da destruição’’, de 13 a 17 de outubro de 2021 em formato híbrido (online e presencial). 


Nosso povo se encontra encurralado nas periferias urbanas, sem terra para viver e produzir seu sustento, sob forte repressão policial e socialmente segregados, sem acesso a educação, saúde, lazer, vistos como inimigos internos e tratados como massa de manobra política. A convocação é para construção de um projeto político autônomo de sobrevivência centrado na ocupação e uso coletivo da terra para o desenvolvimento comunitário preto. 


Em Itacaré/BA, às margens do Rio de Contas, no território ancestral que remonta o Quilombo do Oitizeiro, o 3º maior quilombo da história do Brasil, está localizada a Fazenda Modelo Quilombo D’Oiti de onde parte o projeto comunitário, preto e autônomo de afro desenvolvimento conduzido pela Casa do Boneco de Itacaré na última década, fruto do processo de luta racial construído pela organização há mais de 30 anos. A Fazenda Quilombo D’Oiti vem se constituindo como espaço permanente de vivências e formações voltadas para a manutenção de saberes tradicionais afrodescendentes, sustentabilidade,  formação política, empreendedorismo e geração de renda através do impulsionamento de um programa de Turismo Étnico de Base Comunitária referenciado nacionalmente e que tem impactado na formação de gerações de jovens. 


Com esse acúmulo histórico e prático somado à experiência de outros núcleos articulados na caminhada, temos alternativas concretas de uso coletivo da terra, soberania alimentar, soberania energética, educação, saúde, onde o Quilombo é a sintetização territorial que só é possível de se concretizar a partir de organização dentro de um programa político autêntico, preto, autônomo construído sob o trabalho comunitário. É tempo de aquilombar-se, essa é a convocação. Aqueles que se encontram desgarrados e sem perspectivas, é tempo de juntar-se com propósito de construção e sobrevivência. Ou nos organizamos agora ou nossos dias estão contados.


Espaços de aquilombamento como a Casa do Boneco - Quilombo D’Oiti devem ser compreendidos como legado de luta política afrodiaspórica que serve ao fortalecimento do povo negro e que por ele deve prioritariamente deve ser fortalecido. Não há perspectiva de vida para nós sob domínio da supremacia branka. Em tempos distópicos como o que estamos vivendo, a nossa sobrevivência enquanto povo passa prioritariamente pela garantia dos territórios, da terra, da água e da comunicação, onde através da condução ancestral nos firmamos em defesa da pauta primordial que é nos manter vivos e criar as estruturas para aqueles que virão.


inscrições: https://forms.gle/rCU43vGKENrnJdMB7

Vakinha: http://vaka.me/2359607