No ano de 1988 a Casa do Boneco é iniciada na então pacata cidade de Itacaré, nascendo naturalmente da necessidade de resgate e fortalecimento da ancestralidade afro-indígena presente na comunidade, com a realização de atividades socioculturais contínuas com as crianças, a piori teatro de bonecos, dança afro e percussão. Em 2018 a Casa do Boneco completa 30 anos de existência e resistência como uma instituição que faz enfrentamento real ao racismo, que promove empoderamento e disseminação do conhecimento, capacitação profissional, laboratório artístico, impactando na formação de gerações no contexto local, regional, nacional e internacional.
Como um marco dessa trajetória que agrega inúmeras pessoas, lugares, ações, organizações, a Casa do Boneco está lançando o SELO 30 ANOS, um símbolo que representa o legado que vem sendo construído ao longo desse tempo e que vem pra fortalecer outras instituições que também são engrenagens no processo de lutas por reparação étnico-racial. São 30 anos de reconhecimento da Áfrika como berço civilizatório, de negação à colonização racista, de empoderamento identitário, de retorno às raízes ancestrais através das artes, cultura e religiosidade. Nesses 30 anos também vimos o avanço do turismo predatório na comunidade e com ele o crescimento de mazelas sociais como o turismo sexual, tráfico de drogas, desigualdade social, trabalho infantil, exploração da mão-de-obra local, que vitimiza o povo preto diariamente, nos mantendo em vigília e ação permanentes. Nesses 30 anos repudiamos o genocídio que exterminou a população indígena de Itacaré, povos primários deste território, completamente invisibilizados em nossa história oficial.
Em 2018, em meio aos tumultos de um novo período autoritário, enquanto nossos povos gritam aos quatro ventos a denúncia da mentira que é a “democracia racial” brasileira, a Casa do Boneco de Itacaré dá um passo fundamental: a formalização da Escola do Tambor. Para isso, revisita a história de nossos povos e a nossa história enquanto instituição durante o XVII Caruru de Ibeji e as Pedagogingas com o tema ‘‘30 anos da CBI: da desfolclorização à Escola do Tambor”.
O SELO 30 ANOS irá acompanhar as ações da instituição durante o ano, e também tem o intuito de servir de referência para organizações mais jovens ou que por ora passam por dificuldades, para que saibam que coletivamente podemos chegar mais longe, como chegamos aos 30 e muitos 30 hão de vir!
UBUNTU!!!
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