Entre
os dias 28 e 30/04 a Casa do Boneco receberá uma turma com mais de
70 pessoas do Departamento de Geografia da USP - Universidade de São
Paulo. O receptivo fará parte de trabalho de campo que a turma
estará realizando com a disciplina de Regional África, e a vivência
proposta junto à CBI engloba Roda de Saberes sobre Geografia
Quilombola, além de oficinas e cultural.
Confiram
texto fornecido pela turma, que demonstra a importância dessa
atividade:
‘‘Em
nosso curso de Geografia, há mais de 10 anos essa disciplina não
era ofertada. Assim, tivemos gerações de geógrafos e geógrafas
que saíram da universidade sem terem estudado um continente
extremamente complexo, rico em experiências e histórias e
geografias que mal conhecemos: a África. Sabemos que 75% dos alunos
e alunas formados em geografia da USP tornam-se professores e
professoras... O que eles ensinam sobre a África em sala de aula?
Em
praticamente todas as matérias da Geografia da USP, como “Geografia
do Estado de São Paulo”, “Regional América Latina”,
“Geografia Urbana” ou “Planejamento”, nós lemos autores
europeus. Somos ensinados a comparar as cidades brasileiras com
Paris, o camponês brasileiro com o camponês francês, a luta dos
trabalhadores daqui com a dos operários ingleses. Por que as
experiências, cidades, lutas ou modos de ser e viver dos milhares de
povos do continente africano nunca são vistas como referência para
que possamos entender a realidade brasileira? Por que os países da
África nunca são apresentados em nosso curso?
Invisibilizar
a complexidade do território e dos povos africanos, em poucas
palavras, é racismo. É esse mesmo racismo que faz com que alguém
chame ao outro de “macaco”, racismo que exclui ao povo negro das
universidades, racismo que assassina a população negra e com ela,
as suas formas de ser e de pensar.
Para
lutarmos contra essa realidade, estamos realizando o trabalho de
campo. Em nosso trajeto, iremos conhecer as resistências dos povos
vindos da África que constroem suas comunidades e autonomias no Sul
da Bahia. Conheceremos o Assentamento Terra à Vista, a Escola
Agrícola Comunitária Margarida Alves, a Casa do Boneco de Itacaré
e o Terreiro do Campo Bantu-Indígena Caxuté.
Finalmente,
conheceremos “outras referências”: as comunidades tradicionais,
os povos de terreiro, os diaspóricos do campo e da cidade, o povo
preto que luta para reafirmar os nossos valores ancestrais.
Gostaríamos de levar para a universidade a voz e a ação dos nossos
verdadeiros mestres, esses que muitas vezes sequer sabem escrever,
mas sabem mais do que qualquer intelectual quais são as saídas para
a construção de um outro mundo, de uma outra geografia.’’
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