O IV Encontro Nacional da Rede Mocambos reuniu representantes de vários estados do país, para tratar dos Núcleos de comunicação quilombola que estão em fase de estruturação em diferentes estados pelos Núcleos de Formação Continuada. Na Bahia, a Casa do Boneco está coordenando o processo com a articulação com comunidades quilombolas, com a Teia de Agroecologia e mais recentemente, iniciando uma articulação com a Brigada de Audiovisual dos Povos.
O encontro na Casa de Cultura Tainã, foi iniciado revisitando o sentido da Rede, que remete ao quilombo de Palmares para “beber” nos
princípios de respeito, resistência e luta conjunta.
Na rede, deve-se fortalecer a comunicação como instrumento
importante, o tambor como elemento ancestral que comunica e a
tecnologia como aparato tecnológico pode auxiliar no processo,
modificando a concentração de poder deste instrumento (e há outros
também, como as sementes). É preciso se reapropriar, produzindo e
criando tecnologias. A tecnologia do tambor, por exemplo. As
tecnologias foram necessárias para nossa sobrevivência e o tambor é
essencial para nós. Ele está presente na vida da terra, assim como
na vida da gente.
A filosofia
do baobá e do tambor é central na Mocambos: está a serviço
da humanidade, oferece sentido ao mundo e compromisso político de
nunca mais se deixar de lutar.
Rede, Tecnologia e Software Livre
O trabalho que a Rede tem construído, caminha no sentido de pensar território físico, simbólico e digital, além de territorialidade, numa perspectiva de descolonização, tendo o tambor, o baobá e o desenvolvimento de ferramentas digitais como algumas de suas estratégias.
O
Brasil está seguindo um processo de desenvolvimento que vai
explorar cada vez mais recursos naturais e as comunidades locais, e
a rede se propõe a ser diferente. Não há nenhum movimento social
que está contrapondo esse processo. E para isso está se pensando a
necessidade de fortalecimento da rede para justamente contrapô-lo.
Há diálogo com o Estado, mas as vitórias virão pelo processo de
luta mesmo.
Estamos
com um pedaço de terra digital, e juntos discutimos quem quer
cuidar e manejar esse território, fazendo em conjunto os plantios.
E não tem como plantar sem ter conhecimento das ferramentas. Se
você quer autonomia, você tem que ter o conhecimento. E tentar
fazer sem ferramentas vai ser muito mais difícil. Estamos devagar,
mas num processo que tem fundamento. Acreditamos nisso por que há
400 anos de história de resistência. O que possibilita propor uma
terra digital diferente é a luta, que passa para o espaço digital
todo o fundamento da nossa história.
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