




Tomba nossa mãe Dadi, Nossa Negra Maria, Nossa Yabá Nzinga...
Griô quilombola, Nossa Ancestral!
Depois de meses sem chuva forte, Yansã estrondou os céus do sul da Bahia na manhã de quinta feira, 17 de dezembro. Os trovões a tempos não ecoavam em” estralos” tão fortes e os relâmpagos comprovavam que a chuva seria forte a estaria prestes a cair... Quando o céu desabou o coração de nossa Dadi já estava parado. Dani, torcia para que não chovesse, afinal, a Mãe Dadi já repetia: toda vez que uma pessoa boa morre, chove forte pra se lavar a alma. Choveu. Forte. No Céu e nas nossas faces. Os nossos soluços ecoavam em nossas almas como os trovões assustavam as crianças da terra. A chuva caiu no tempo necessário de molhar bem a terra, de renovar a atmosfera, de nos oferecer mais oxigênio por que a respiração seria fundamental nessa despedida.
Sem precisar avisar, as flores foram coloridas, “sem um monte de rosa branca” como ela repetia e queria. Mas ela também não queria ninguém triste. Ela não se permitia isso, perdeu uma perna e reagiu como se tivesse perdido um dente. Ficou amiga do seu “cotozinho” e não conseguiu em nenhum momento reclamar ou se queixar de não ter mais uma perna nem a possibilidade de andar. Impressionou, quando achamos que iríamos visitá-la para dar uma força, ela que dava pra gente.
Era querida na Igreja, respeitada no quilombo, era nossa matriarca na Casa do Boneco, linha de frente de apoio e defesa em qualquer circunstância.
Seus braços sempre abertos, sua resistência guerreira em forma de alegria e persistência e sua fé inabalável é assim que iremos ter você pra sempre em nossa memória.
A chuva que abençoou sua partida te faça leve, leve como a luz, agora, sem a limitação do corpo, certamente você estará melhor e será ainda mais feliz em nova missão.
Que a saudade que inundou nosso coração, como a chuva encharcou a terra sedenta nessa manhã, não seja sinônimo de tristeza, mas de um amor profundo que se perpetua e torna nossa vida melhor pelo aprendizado de seu exemplo de vida e nunca de morte. A morte é uma mentira. Você só mudou de plano.
Continue abençoando nossas crianças e não esqueça de que nós adultos somos crianças diante de seu amor. Você se tornou nossa ancestral, nossa heroína e estará para sempre nas páginas de nossa história.
Amor demais
Casa do Boneco de Itacaré.
17 de dezembro de 2009
O II Encontro da Rede Mocambos mais uma vez demonstra que as comunidades quilombolas de matriz africana já sabe o que querem e estão fazendo “um mundo mais do nosso jeito”, como Zumbi já dizia há séculos atrás. O evento permitiu mais uma vez que as comunidades se posicionassem diante das políticas públicas e potencializassem a articulação nacional dos núcleos de formação. A Casa do Boneco, como núcleo de formação da Rede está comprometida em fortalecer a articulação local e quilombola, inserindo-a numa formulação nacional já iniciada nesse evento.
O terceiro ano da Marcha Zumbi Vive, organizada pela Casa do Boneco de Itacaré surpreendeu e estremeceu a cidade no último dia 20 de novembro. O desfile esse ano contou com a presença do Ginásio, Escola Aurelino Leal, Associação de Canoagem, Grupo GDancei, Capoeira Filhos de Zumbi e de diversas personalidades que compareceram ao desfile ou se integraram durante o mesmo. Com a tradicional percussão da Casa no comando musical de Bogo Preto e Nego Jorge e coreográfico dos dançarinos e dançarinas da entidade, abriram o desfile com o emocionante hino da África do Sul, versos e frases ao eterno Zumbi já dava desde o início o recado: a memória de Zumbi está e estará enraizada na memória da comunidade afro, será preservada e mantida em nome de todos os guerreiros e guerreiras que deram seu sangue para libertação ao cativeiro; a memória de Zumbi está para o povo negro como a bíblia está para o cristão, como a água está para o sedento.
I Encontro Técnico de Turismo Étnico acontece no Rio de Janeiro
Inscrições gratuitas até 17 de novembro
Brasília (10/11/09) O Ministério do Turismo (MTur) promove no próximo dia 18, em Quissamã (RJ), o I Encontro Técnico de Turismo Étnico. O objetivo é reunir comunidades das diversas etnias brasileiras e incentivar a formação de grupos de atuação para o desenvolvimento do segmento. A iniciativa é uma parceria do MTur e da Associação Brasileira de Turismo Étnico (ABTE).
O evento contará com a participação de representantes do MTur, da ABTE, e do segmento, além do coordenador do projeto francês Rota das Abolições, Philippe Pichot. Também está prevista a participação de Solange Barbosa, coordenadora da Rota da Liberdade, projeto brasileiro que foi considerado pela National Geographic Society um dos mais inovadores programas de viagens sustentáveis de do mundo.
A Rota da Liberdade é um circuito turístico desenvolvido na região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira, que mapeia os passos dos negros africanos e seus descendentes na construção da cultura da região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira.
Na abertura do encontro, a coordenadora geral de Segmentação do MTur, Sáskia Lima, apresentará a Matriz de Mapeamento do Turismo Étnico Brasileiro, diagnóstico realizado este ano pelo Mtur.
Segundo Lima, “O evento é uma grande oportunidade para que os atores interessados no desenvolvimento do segmento se conheçam e, a partir disso, possam criar uma rede de comunicação e articulação. Ainda, será um bom momento para aprender mais sobre as várias etnias espalhadas por todo Brasil.”
INSCRIÇÕES
Faça sua inscrição para o I Encontro Técnico de Turismo Étnico no site www.turismoetnico.com.br. Ao todo, serão oferecidas 230 vagas e o prazo de inscrição vai até 17/11, terça-feira.
Para mais informações, entre em contato com a organização do evento via e-mail (abte@turismoetnico.com.br) ou telefone (22 2768-2379 ou 12 3672-3427).
E o que é Mocambo?
O nome Mocambos remete à cultura de resistência dos quilombos e evidencia nosso objetivo fundamental de contribuir para a efetivação de políticas públicas para a reparação da dívida histórica das sociedades que participaram da economia escravista para com os afrodescendentes.
O Projeto Mocambos surge da necessidade da troca de informação e experiências, assim com intercambio cultural, politico e economico, tecendo essa possibilidade através da construção de uma rede de comunicação e solidariedade.
Para isso estamos construindo uma idéia de como multiplicar os conhecimentos apropriados no uso dessas novas tecnologias, oferecidas pelo computador e internet.
Um modelo pensado é através de Oficinas de replicação. Essas oficinas inicialmente acontece num ponto que será o núcleo de referência da rede no estado ou na região. É no núcleo que iremos investir, pois ali será o primeiro ponto de encontro de grupos da rede para as oficinas.
A importância do núcleo é de que as pessoas que estarão amanhã se falando virtualmente tenha oportunidade de conhecer pessoalmente e para que ai trabalhamos a idéia da tecnologia não isolada da realidade.
Uma que domina as tecnologias da informação e comunicação e outra que esta se organizando para dominar.
Além das oficinas é legal ter nos espaços encontros práticos e expositivos, mostra de vídeos, leitura de textos, rodas de debate, integração com grupos de produção livre, avaliações qualitativas, ir a campo para realizar captação de material bruto nas comunidades, e separar assuntos a serem estudados e abortados nas atividades diarias.
Isso porque não se resume somente a transferência e apropriação da tecnologia, mas sim a construção de um projeto popular para comunidade negra e periférica entender o funcionamento da sociedade e suas armadilhas, isso sim é importante.
Importante pois que pessoas do local onde ocorra as oficinas também participem destes debates.
Para @ oficineir@ é importante uma organização de um mês aos menos pra segurar a ponta de trocar estes conhecimentos com o maxímo de qualidade.
A Rede Mocambos quer trocar porque é construção de pessoas.
Nesse grupo temático vamos trabalhar os seguintes eixos temáticos:
* Identidade Quilombola: o conceito no tempo e espaço
* Territoralidade
* Economia colaborativa - sustentabilidade financeira
-Convidados: Alfredo Wagner (antropólogo/ Projeto Nova Cartografia Social - uma delas em Conceição das Crioulas) Holf Hackbart (Presidente do INCRA para falar do trabalho de regularização fundiária/ Instrução Normativa 49, de 29 de setembro de 2008) Zulu Araújo (Presidente da Fundação Cultural Palmares/ falando do processo de certidões de atoreconheciment~/ estatuto da igualdade social)
Nesse grupo temático vamos trabalhar os seguintes eixos temáticos:
* Educação Diferenciada
* Religiosidade Africana
* Saberes Ancestrais
* Estrutura Partidária de Organização
- Convidados:
Nesse grupo temático vamos trabalhar os seguintes eixos temáticos:
* Comunicação
* Políticas Públicas
* Campanha Nacional Contra o Genocídio da Juventude Negra
* Saúde da População Negra
-Convidados: