14/03/2017

Dani Jêje é homenageada com o IV Trofeu Mãe Ilza Mukalê


À benção mãe Ilza! Mukuiú! À benção às nossas matriarcas, às nossas ancestrais: Dandara de Palmares, Teresa de Benguela, D. Maria da Soledade e todas as mães pretas que nos antecederam. Laroyê, Labon'gira!!! Pedimos licença ao dono dos caminhos para poder falar e agradecer ao Terreiro Matamba Tombenci Neto na pessoa de Mãe Ilza Mukalê pela premiação concedida a Dani Jêje no último dia 08 de março.




 Para nós afrodescendentes, a luta pela emancipação feminina sempre acompanhou nossa luta diária contra o racismo pois entendemos que o feminino é sagrado, somos filhas da terra, formados com a lama sagrada do fundo dos rios, geradas sob o suor de nossas ancestrais. Nossa condição de mulheres pretas infelizmente nos colocou historicamente no lugar de subordinadas dentro de uma nação escravocrata e racista, no entanto, a nossa real história nos revela a força ancestral que carregamos nas costas e no ventre, que nos mantém vivas até hoje mesmo com todas as opressões que sofremos. 
Reverenciamos nossas Yabás, nossas deusas, cuja essência trazemos de tantas vidas em nosso arquétipo. Reverenciamos o sagrado feminino de nossa mãe-África, que por ocasião da diáspora nos reuniu aqui nesse continente para com a fora das nossas deusas criarmos nossos filhos e recriarmos nossas lutas e mantermos viva nossa matriz cultural, nosso pensamento religioso e político.


O dia 08 de março, instituído a partir de 1910 como o dia internacional da mulher, durante uma conferência na Dinamarca, em homenagem ao movimento pelos direitos das mulheres que, foi violentamente reprimido pela polícia dois anos antes em Nova York. Anos mais tarde (1975) a ONU, ratificando a decisão da conferência da Dinamarca também instituiu o mesmo dia, assim como aquele ano como o ano internacional da mulher. Entretanto, assumimos como marco de luta o Dia da Mulher Afro Latina e Caribenha - o 25 de julho-, e também o 31 de julho como Dia da Mulher Africana, visto que embora o 08 de março hoje busque se referir a todas as mulheres, sabemos que se configurou numa luta de mulheres trabalhadoras brancas, no mesmo período em que nossas ancestrais ainda estavam sob jugo da escravização. Não nos esquecemos! 

Em virtude das comemorações dos 83 anos da matriarca Mãe Ilza Mukalê, sendo parte da programação do projeto OTAMBÍ de Verão,  na última quarta-feira dia 08/03 aconteceu a entrega do IV Trofeu Mãe Ilza Mukalê à 13 mulheres notáveis da região Sul da Bahia, no qual a nossa liderança Dani Jêje foi uma das homenageadas, pela sua luta em Itacaré junto à Casa do Boneco pelo fortalecimento da identidade e cultura afro brasileiras. Itacaré esteve muito bem representada, contando também com mais uma homenageada, a educadora Ronara Criola, colaboradora da CBI e que vem construindo carreira musical com base nas raízes afro. 

 

Em nome de nossa guerreira e liderança Dani Jêje, agradecemos à Mam'etu Mukalê a e toda a comunidade do Terreiro Matamba Tombenci Neto, à Organização Gongombira de Cultura e Cidadania pela parceria e reconhecimento. A Casa do Boneco de Itacaré sente-se honrada e muito feliz com o prêmio, além de muito fortalecida pelo gunzu que nos une nessa luta.










N'zambie nua kwatesa!
Salve Mãe Ilza! Salve Mam'etu Matamba!
Salve a Casa do Boneco de Itacaré!

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