22/07/2016

Vem Aí!! XV Caruru de Ibeji e as Pedagogingas






As imagens da menina preta


A negação da identidade, a baixa autoestima, a objetificação, a exploração, o abuso, a violência, quantas questões podem ser tocadas quando o assunto é o lugar das meninas pretas num país racista e sexista como o Brasil? O XV Caruru de Ibeji e as Pedagogingas trazem como tema central em 2016 ‘‘Badjudas’’ e ‘‘Novinhas’’: as imagens da menina preta. ''Badjuda’’ é um termo do idioma kriol guineense comumente utilizado para designar a mulher jovem. ''Novinha’’ é um termo falado no Brasil, que foi apropriado e disseminado de forma pejorativa, sobretudo em determinados gêneros musicais, se referindo às meninas. Trazendo essas reflexão queremos visibilizar e apontar conjuntamente os caminhos para garantia da segurança, do respeito, da vida, das referências positivas para essas meninas no contexto problemático em que vivemos, que envolve opressões como o racismo, a violência de gênero além da vulnerabilidade aos abusos aos quais estão sendo expostas, sobretudo na fase de transição entre infância e adolescência. 


Por falta de informação, por ignorância, pelo racismo institucionalizado e pelo o machismo impregnado na sociedade, desde muito pequenas, as meninas pretas estão sujeitas a diversas opressões. Dessa forma, são ensinadas a não gostar dos seus traços negros, da textura dos seus cabelos e da cor de sua pele. Crescem em comunidades onde a educação formal é eurocêntrica, onde a violência é regra, onde a falta de acesso à informação diversificada e de qualidade dificulta o desenvolvimento de sua autonomia, sendo relegadas a um lugar de subalternidade para que não se apropriem de suas qualidades para enfrentar em condições honestas os desafios cotidianos. 


O fim da infância e o início da adolescência é um período particularmente crítico na concepção de identidade de todas as pessoas, por ser uma fase na qual biologicamente e psicologicamente de transitam entre momentos distintos da vida. Esse é justamente o período no qual as meninas pretas são sistematicamente atacadas. Seus referenciais não estão na televisão, nos livros didáticos, nas revistas, nos outdoors, nos filmes. Sua imagem é sempre associada à subalterna, à feia, à intelectualmente incapaz. Seus corpos são massivamente hiperssexualizados, sendo alvo de ofensas muitas vezes disseminadas em gêneros da música comercial, em letras e danças expõem o corpo feminino com conotação sexual que incitam a pedofilia e a violência de gênero, e tudo é naturalizado. É urgente que o povo negro, indígena, assentados, quilombolas, mulheres, homens, crianças, idosos, estejam unidos nesse círculo de construção ancestral para nossa auto-defesa, autonomia e segurança.


É importante reiterar que há inegavelmente uma questão de gênero em foco voltado para o feminino, o que não exclui a importância e necessidade de se discutir as opressões que afetam os meninos, visto que estes carecem de um olhar igualmente cuidadoso no contexto de total vulnerabilidade, como apontam os índice de homicídios, os jovens negros são os principais alvos da mira genocida. Estes jovens negros, por conseguinte, também precisam ser conscientizados do seu papel e do seu lugar na sociedade, inclusive para que não reproduzam outras opressões para com suas companheiras, amigas, irmãs. Assim, ousamos convidar a todos e a nós mesmos a nos voltarmos para nossa ancestralidade afrikana, para buscar os nossos reais valores, nossas formas próprias de nos relacionarmos com os outros, entendendo o que nos une e o que nos difere quando o assunto é gênero em um contexto em que  a violência racista nos afeta como povo.



A Casa do Boneco de Itacaré é uma instituição que há 28 anos desenvolve programas de ações voltadas para o afro desenvolvimento e empoderamento da infância e juventude negra, com base numa educação antirracista fundada na cosmovisão africana e indígena. Regida e conduzida por jovens a CBI é uma construção histórica desses adolescentes da comunidade que estiveram sempre atuantes desde a sua fundação até a atualidade em todas as frentes de atuação, e assumiram desde cedo o papel de aprendizes e disseminadores desses aprendizados. E é nesse intuito que convidamos os movimentos sociais, coletivos, associações, organizações, escolas, famílias, jovens, crianças, adolescentes para discutirmos juntos o que está sendo nos oferecido enquanto perspectiva de sociedade. A ação assassina do Estado em relação à esses sujeitos, a sexualização precoce e sem as devidas orientações, a invisibilidade midiática, o racismo, o sexismo, o machismo, a pedofilia, o turismo sexual são ameaças sérias a jovens negros e negras,  e necessitamos urgente criar mecanismos de autodefesa para garantir nossa integridade, dignidade, segurança e respeito. 

SERVIÇO
O quê: XV Caruru de Ibeji e as Pedagogingas
Tema: ''Badjudas'' e ''Novinhas'': as imagens da menina preta!
Data: de 22 à 25 de setembro de 2016
Onde: Casa do Boneco de Itacaré
















10/07/2016

2º Canjerê Cultural 2016



A segunda edição do Canjerê Cultural está marca, desta vez organizada por parceirxs da Casa do Boneco de Itacaré em Salvador.

Canjerê Cultural
É o mix de Rap, samba e poesia!

Este evento conta  com a colaboração dos artistas e com você para arrecadação de fundos em prol do XV Caruru de Ibeji e as Pedagogingas
Se passe não, viu?!
Esse Canjerê vai ser barril!

Acompanhe mais informações no evento criado no Facebook:

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