22/06/2014

MESTRE MORENITO: MENESTREL DA CULTURA.


Artesão, coreógrafo, figurinista, diretor teatral, carnavalesco, alegorista, músico, passista, folclorista, sabe-se lá quantas profissões podem se concentrar em um grande Mestre, como o nosso querido Morenito.
 Suas miniaturas de canoas e embarcações tradicionais de Itacaré, ou a ‘‘guiga’’, sua criação mór feita com ripas de jenipapo e lona no modelo de um caiaque são algumas das obras que Seu Morenito idealizou e deu vida como artesão.
O Paturi, figura tradicional da cultura itacareense, seus afoxés enriquecidos com uma variedade de expressões indígenas, sua africanidade ingenuamente expressa, transmitindo cenários compostos por uma pluralidade única de olhos capazes de registrar alegoricamente truques e decorações existentes nas mais variadas manifestações brasileiras, desde sobreposição de lantejoulas e plumas das escolas de samba cariocas que sempre lhe inspiraram, aos búzios e miçangas do ‘‘Filhos de Gandhi’’.
Na captura incessante de natureza morta, com suas próprias mãos e sabedorias a remar por entre mangues e comunidades ribeirinhas, pela Povoação, Santos Amaro, Joao Rodrigues, coletava  da curtiça à taipoca, do sapé ao Imbé, bambu, palha de licuri, palma de coqueiro e dendê, tinta de urucum, lágrima de Nossa Senhora, pena de galinha e de peru, arco de jenipapo, pau-pombo esculpido e qualquer outra belezura que aparecesse.
 Metabolizado e condensado por uma criatividade digna de que quem protagonizava a cultura materializada em ranchos, ternos, dramatizações, performances, coreografias e solos capturados das mais longínquas e variadas imagens do cinema à sonhos pessoais. A Grande Jurema e sua dança com a serpente viva, os pombos que após serem soltos voaram livremente e pousaram no ombro do homenageado, o canto sincrônico de um coral que nunca ensaiou junto, das diversas surpresas dentro dos cortejos, a composição dos símbolos alegóricos luminosos que decoravam as festas juninas, do padroeiro, da quermesse ao aniversário da cidade.
Mestre de poucos seguidores: Tubo, Betão, Palachinha, Sr. Zé Valter, Lico e quem mais? Mestre de muitos parceiros, a matriarca da cultura Dona Percelina, Dona Zefinha, Dona Neuzália, Jomária e uma infinidade de pessoas que o espaço não caberia, mas que permite que se pronuncie. Aprendiz e parceira, a Casa do Boneco teve o prazer de estar ao seu lado nos últimos 26 anos, protagonizando o que o mestre exibia de melhor: música, dança, cores e alegria recheadas de voluntarismo e boa vontade, numa relação de fórum intimo com o Mestre Jorge Rasta, com horas e horas de imagens, desabafos, projeções, planos que será necessário mais 95 à 100 anos para serem concretizados.
Assim, estamos esperando grande Mestre o senhor reencarnar e se agregar ao nosso elenco da Casa do Boneco, como criança indígena, negra, quilombola, ou como um membro da comunidade tradicional ribeirinha, mestiça, com o que você tanto se assemelha.






09/06/2014

Projeto 3 pedrinhas inicia suas atividades

Nos últimos dias 4, 5 e 6 de junho, aconteceram as primeiras visitas de pré-produção do Projeto Três Pedrinhas, nas localidades onde serão desenvolvidos os trechos de atividades do mesmo: Casa do Boneco de Itacaré, Assentamento Terra Vista e Aldeia Pataxó Hã Hã Hãe Catarina Paraguaçu.
O objetivo dessas visitas em primeiro momento é de articulação das comunidades em torno das atividades que acontecerão ao longo dos trechos, bem como conhecimento técnico dos locais onde as rádios serão instaladas, contato dos monitores locais com a coordenação pedagógica e organização das atividades que precisam ser previamente desenvolvidas até o início do ciclo de formações, que será em julho.
O Projeto Três pedrinhas é resultante da Jornada de Agroecologia da Bahia e da Teia Agroecológica que se formou a partir da convergência das caminhadas de luta de diferentes segmentos sociais, que se pautam numa política de respeito à terra e à ancestralidade.Integrando três municípios e três segmentos sociais (indígenas, negros e assentados) visa gerar ciclos de formação, intercâmbios, produção e difusão de conteúdos radiofônicos, audiovisuais e impressos a partir da perspectiva de Educomunicação como estratégia de empoderamento dessas comunidades.





03/06/2014

Chegaram os kits do Quilombo Incena!



O Quilombo Incena é a convergência de diferentes coletivos que atuam e acreditam na comunicação (nesse caso, o audiovisual) por uma perspectiva comunitária e livre, como a Casa do Boneco de Itacaré que traz uma experiência iniciada em 2011 com o Cine Quilombola, e outros coletivos e organizações, como o Nordeste Livre e Rede Mocambos.

A última edição do Quilombo Incena aconteceu entre os dias 30 de outubro de 3 de novembro de 2013 juntamente com o Fórum Baiano de Cinema Comunitário, na comunidade quilombola Lagoa Santa (Ituberá-BA) com atividades que englobaram discussões, exibições de filmes e oficinas.

O projeto resultou no Kit Quilombo Incena, composto pelo catálogo que traz uma pesquisa sobre a trajetória do cinema negro no Brasil e no mundo; uma lista de 98 filmes nacionais e internacionais com sinopse e endereço para adquiri-los e também uma apresentação detalhada sobre os artistas e cineastas negros, além da coletânea de filmes contendo 4 mídias com os curtas: ‘‘Nosso Lugar’’ (documentário produzido na última edição do projeto), ‘‘Pode me chamar de Nadi’’, ‘‘Vida Maria’’ e ‘‘Malunguinho’’; e os filmes: ‘‘Quilombos da Bahia’’, ‘‘Terra deu, Terra come’’ e ‘‘Encontro com Milton Santos’’.

O lançamento do Kit Quilombo Incena acontecerá dia 08/06 (próximo domingo) na comunidade Lagoa Santa. A distribuição será gratuita, porém temos kits limitados, portanto para adquirir é preciso entrar em contato via institucional com a Casa do Boneco através do e-mail: casadobonecodeitacare@gmail.com.





Mestrado de Say


Casa do Boneco de Itacaré: Gestão do conhecimento e comunidade de prática numa perspectiva de ancestralidade
Esse foi o tema do projeto de pesquisa da mestranda Sayonara Malta sob orientação do professor Fábio Ferreira, do curso Gestão Social e Desenvolvimento – GIAGS/EAUFBA, que aconteceu no dia 28 de março de 2014. Com tema proposto e aprovado, a pesquisadora contou a trajetória e memória ancestral da nossa casa, como modelo de educação reapropriadora das matrizes africanas e indígenas e praticantes de conteúdos reconhecidos como pedagogingas.
Mesa composta por Mestres das Universidades Estadual e Federal da Bahia como as Drª Claudiane Waiandt e Francisca de Paula e a presença do nosso Mestre popular Jorge Rasta, motivo de representação e orgulho para todos da casa, afinal um dos nossos lá dentro, falando de nós para nós e para o mundo!
“...O conceito de comunidade de prática e gestão do conhecimento se apresentou para essa pesquisa como o caminho mais apropriado para dar conta dos processos auto organizativos da população negra que, de modo geral, ocorrem a partir de uma longa trajetória de resistência por sobrevivência física e cultural para resguardar memorias ancestrais. Nesse sentido, o conceito de comunidade de prática escolhido aqui, reflete o interesse em evidenciar nesse estudo, formas organizativas sociais que defendem a solidariedade, o diálogo, o compartilhamento e a experiência interativa, que são elementos muito característicos da cosmovisão africana e quilombola.”









01/06/2014

II SEMINÁRIO RESPEITEM NOSSO RESGUARDO

Pela defesa e Organização do Povo de Santo!


Aconteceu no dia 12 de janeiro de 2014 a 2ª edição  do seminário pela defesa e organização do povo de santo ‘‘Respeitem Nosso Resguardo’’, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Coma participação do nosso grandíssimo Mestre Jorge Rasta representando a resistência do povo de santo.
Ao lado das Yalorixás Jaciara Ribeiro e Neci Santos Leite, do historiador Marcos Rezende e do músico Ricardo Andrade, foram discutidas as formas como se dá o racismo institucional, pincipalmente das instituições de ensino superior, quando não existe conhecimento devido para com as religiões de matriz africana nem tampouco o respeito pelas suas práticas ancestrais, como o Resguardo.
O seminário foi organizado pelo Núcleo Akofena, lideranças comunitárias, estudantes e professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia adeptos do candomblé e por variados setores do povo de santo da cidade de Cachoeira-BA, sendo realizado no Terreiro Guarani de Oxóssi.

É lamentável que ainda nos dias atuais tenhamos que nos preocupar em resistir por um direito que é nosso, lutar para que nossas práticas ancestrais, religiosas e culturais não sejam extintas, pois somos alvos constantes de insultos e agressões, mas o lema do povo preto é RESISTIR, e segundo Jorge Rasta: REAGIR!







Orunmilá


Òpitan Ìfé,Gbàiyégbòrún,Ibìkéjì Olódúmarè!
O historiador de Ifé, aquele que habita o céu e a terra, o vice de Deus(Oxalá)


Na palavra do Mestre...

“Em cada novo sorriso de nossas crianças renascemos...”

Renascemos juntos, e para uma eternidade no dia 23 de março de 2014, domingo ás 10 horas com o nascimento de Orunmilá o mais novo pequeno Rei de nosso Ylê D'Erê  da Casa do Boneco de Itacaré. Filho de Preta Ashanti e Glauber Elias...Orunmilá nasceu com 50 cm e 3,290 Kg e com uma carga energética positiva assentada na ancestralidade Africana, na cultura dos terreiros de candomblé dos  batuques e sambas que nos conectaram. E com todo mel da Oxum traz a paz para terra,sem falar no carinho mútuo de uma família Preta, e de fundamentos espirituais fortemente afrocentrados...Agora crescemos juntos com ele a cada dia fazendo um mundo mais do nosso jeito...
Trazendo ainda mais conhecimento e sabedoria

Contamos com a força tradicional da nossa querida parteira Val
com banhos e  cantos e muita energia boa e ensinamentos ancestrais, sem falar na paciência que a mesma emana...

De forma natural e humanizada  preparamos nossa casa para a chegada do nosso mais novo Curumim.

Só agradecer !

Kalofé Nzambe